domingo, 28 de abril de 2013

Doenças de Inverno


      Com a chegada do outono, estação caracterizada pelas variações amplas de temperatura, e em seguida do inverno, com seus períodos de frio intenso, os serviços de saúde começam a ficar cheios de casos de doenças respiratórias. A faixa etária mais suscetível neste período são os extremos da vida, as crianças pequenas, principalmente até os 2 anos de vida, e os idosos, devido a características  próprias desses indivíduos. Os lactentes, por ainda estarem com seu sistema imunológico em desenvolvimento, e os idosos pela presença de doenças crônicas associadas estão mais suscetíveis a complicações. Neste período do ano as doenças mais comuns são as viroses respiratórias, otites, sinusites, pneumonias e exacerbações da asma e rinite alérgica.
            Os vírus respiratórios são os principais agentes causadores de doença das vias aéreas, podendo se apresentar como um resfriado comum, gripe, bronquiolite viral aguda e pneumonias. Eles são mais frequentes neste período do ano devido às baixas temperaturas, que facilitam a sua propagação, e ao hábito de mantermos os ambientes mais fechados, dificultando a ventilação e facilitando a sua permanência no ambiente. Aqui vale ressaltar a diferença entre o resfriado comum e a gripe. No resfriado há envolvimento basicamente das vias aéreas superiores, com secreção e obstrução nasal, espirros, tosse e dor de garganta leves e eventual febre baixa. Na gripe há envolvimento, também, das vias aéreas inferiores (pulmões) e os sintomas são mais intensos com febre mais alta e persistente, tosse com catarro, dor de garganta mais forte e até mesmo falta de ar. Para esta situação está indicada a vacina anual da gripe que confere uma boa proteção para estes casos.
           Na gripe, os vírus responsáveis são principalmente os Influenza A e B (aqui incluído o vírus H1N1 da Gripe A) e os Parainfluenza. Estes quadros podem atingir qualquer faixa etária. A população de maior risco são as crianças de até 2 anos de idade, as gestantes e puérperas até 45 dias, os idosos e os portadores de doenças crônicas  de qualquer idade.
 A Bronquiolite Viral Aguda, é outra doença bastante comum neste período, que atinge crianças pequenas principalmente até os 2 anos de idade. Caracteriza-se por um resfriado inicial que piora progressivamente com surgimento de tosse, catarro, chiado no peito, febre e falta de ar em graus variados. A doença é causada por vários vírus, mas o principal é o Vírus Sincicial Respiratório que circula com mais intensidade entre os meses de maio e setembro. Na maioria dos casos a criança não necessita mais do que medicações para alívio dos sintomas, mas pode haver necessidade de internação quando há sinais de oxigenação insuficiente e dificuldade para se alimentar. Estes sinais podem ser identificados por uma respiração muito rápida, o surgimento de depressões entre as costelas no peito ou entre a barriga e o tórax e a recusa de ingestão de alimentos ou líquidos. Nestes casos a criança deve ser vista por um médico.
As otites e sinusites são, na maioria das vezes, quadros de complicação dos resfriados e gripes. Devido ao acúmulo de secreções no ouvido ou nos seios paranasais pode haver colonização por bactérias desenvolvendo uma infecção, sendo necessário o uso de antibióticos para o tratamento.
As pneumonias virais são as mais freqüentes, podendo ser causadas por vários tipos de vírus e serem complicadores dos quadros de Gripe ou Bronquiolite Viral Aguda. Diferenciam-se das pneumonias bacterianas por não haver indicação do uso de antibióticos na grande maioria dos casos.
Já as pneumonias bacterianas diferenciam-se das virais pelo agente causador, quadros usualmente mais intensos e de surgimento súbito. O uso de antibióticos é sempre necessário e, dependendo do caso, pode até ser realizado em casa. Os casos mais graves, com falta de ar, em crianças pequenas e pneumonias complicadas, devem sempre ser tratados em hospital.

Neste período do ano é bastante comum a piora dos sintomas da asma (bronquite) e da rinite alérgica, devido principalmente à variação de temperatura, umidade e exposição ao vírus. A ventilação inadequada dos ambientes, exposição à fumaça e cinzas dos fogões a lenha, umidade e surgimento de mofo nas residências são fatores ambientais que também podem piorar os sintomas destas doenças. Tanto a asma, como a rinite alérgica podem ser controladas com o uso de medicações, reduzindo assim as exacerbações e no caso da asma reduzindo as internações. A asma se não controlada pode ser uma doença com grande impacto na qualidade de vida.

A grande maioria das doenças respiratórias virais não podem ser prevenidas através de vacinas ou medicações, mas algumas atitudes podem diminuir o risco de contraí-las:
            - manter ambientes  ventilados
            - afastar-se de pessoas com sintomas de resfriado ou gripe, principalmente as crianças pequenas!
            - lavar as mãos, esta é a principal recomendação para evitar contágio pelos vírus respiratórios.
Como a maioria dos casos de doenças de inverno é causada por vírus, não existem medicações efetivas que os combatam. A exceção é a Gripe A. As medicações indicadas são as chamadas sintomáticas, para alívio de sintomas tais como a febre e a dor, higiene nasal, hidratação e repouso. Os antibióticos não devem ser usados, pois não são efetivos contra os vírus. Quando os sintomas não melhoram em 3 dias ou se ocorre alguma piora o médico deve ser consultado.
A exposição excessiva ao frio ou resfriamento brusco do corpo, ou de parte dele, pode levar a diminuição de mecanismos de defesa locais, seja na garganta, no nariz ou nos pulmões, e permitir que agentes virais ou bacterianos multipliquem-se e iniciem um processo de doença. Mas isto não ocorre em todas as pessoas. Vejam os atletas ou jogadores de futebol. Eles praticam suas atividades físicas com frio ou sob chuva e nem por isto ficam doentes. Esta resistência está vinculada a bons hábitos alimentares e prática regular de atividades físicas com o desenvolvimento gradual de um condicionamento do organismo à exposição ao frio. Ou seja, quem não está acostumado pode sim ser mais suscetível a alguma doença respiratória. 

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