Com a chegada do outono, estação caracterizada pelas
variações amplas de temperatura, e em seguida do inverno, com seus períodos de
frio intenso, os serviços de saúde começam a ficar cheios de casos de doenças
respiratórias. A faixa etária mais suscetível neste período são os extremos da
vida, as crianças pequenas, principalmente até os 2 anos de vida, e os idosos,
devido a características próprias desses
indivíduos. Os lactentes, por ainda estarem com seu sistema imunológico em
desenvolvimento, e os idosos pela presença de doenças crônicas associadas estão
mais suscetíveis a complicações. Neste período do ano as doenças mais comuns
são as viroses respiratórias, otites, sinusites, pneumonias e exacerbações da
asma e rinite alérgica.
Os vírus respiratórios são os
principais agentes causadores de doença das vias aéreas, podendo se apresentar
como um resfriado comum, gripe, bronquiolite viral aguda e pneumonias. Eles são
mais frequentes neste período do ano devido às baixas temperaturas, que
facilitam a sua propagação, e ao hábito de mantermos os ambientes mais fechados,
dificultando a ventilação e facilitando a sua permanência no ambiente. Aqui
vale ressaltar a diferença entre o resfriado comum e a gripe. No resfriado há
envolvimento basicamente das vias aéreas superiores, com secreção e obstrução
nasal, espirros, tosse e dor de garganta leves e eventual febre baixa. Na gripe
há envolvimento, também, das vias aéreas inferiores (pulmões) e os sintomas são
mais intensos com febre mais alta e persistente, tosse com catarro, dor de
garganta mais forte e até mesmo falta de ar. Para esta situação está indicada a
vacina anual da gripe que confere uma boa proteção para estes casos.
Na gripe, os vírus responsáveis são
principalmente os Influenza A e B (aqui incluído o vírus H1N1 da Gripe A) e os
Parainfluenza. Estes quadros podem atingir qualquer faixa etária. A população
de maior risco são as crianças de até 2 anos de idade, as gestantes e puérperas
até 45 dias, os idosos e os portadores de doenças crônicas de qualquer idade.
A Bronquiolite Viral Aguda, é outra doença
bastante comum neste período, que atinge crianças pequenas principalmente até
os 2 anos de idade. Caracteriza-se por um resfriado inicial que piora
progressivamente com surgimento de tosse, catarro, chiado no peito, febre e
falta de ar em graus variados. A doença é causada por vários vírus, mas o
principal é o Vírus Sincicial Respiratório que circula com mais intensidade
entre os meses de maio e setembro. Na maioria dos casos a criança não necessita
mais do que medicações para alívio dos sintomas, mas pode haver necessidade de
internação quando há sinais de oxigenação insuficiente e dificuldade para se
alimentar. Estes sinais podem ser identificados por uma respiração muito rápida,
o surgimento de depressões entre as costelas no peito ou entre a barriga e o tórax
e a recusa de ingestão de alimentos ou líquidos. Nestes casos a criança deve
ser vista por um médico.
As
otites e sinusites são, na maioria das vezes, quadros de complicação dos
resfriados e gripes. Devido ao acúmulo de secreções no ouvido ou nos seios
paranasais pode haver colonização por bactérias desenvolvendo uma infecção,
sendo necessário o uso de antibióticos para o tratamento.
As
pneumonias virais são as mais freqüentes, podendo ser causadas por vários tipos
de vírus e serem complicadores dos quadros de Gripe ou Bronquiolite Viral Aguda.
Diferenciam-se das pneumonias bacterianas por não haver indicação do uso de
antibióticos na grande maioria dos casos.
Já
as pneumonias bacterianas diferenciam-se das virais pelo agente causador,
quadros usualmente mais intensos e de surgimento súbito. O uso de antibióticos
é sempre necessário e, dependendo do caso, pode até ser realizado em casa. Os
casos mais graves, com falta de ar, em crianças pequenas e pneumonias
complicadas, devem sempre ser tratados em hospital.
Neste
período do ano é bastante comum a piora dos sintomas da asma (bronquite) e da
rinite alérgica, devido principalmente à variação de temperatura, umidade e exposição
ao vírus. A ventilação inadequada dos ambientes, exposição à fumaça e cinzas
dos fogões a lenha, umidade e surgimento de mofo nas residências são fatores
ambientais que também podem piorar os sintomas destas doenças. Tanto a asma,
como a rinite alérgica podem ser controladas com o uso de medicações, reduzindo
assim as exacerbações e no caso da asma reduzindo as internações. A asma se não
controlada pode ser uma doença com grande impacto na qualidade de vida.
A
grande maioria das doenças respiratórias virais não podem ser prevenidas
através de vacinas ou medicações, mas algumas atitudes podem diminuir o risco
de contraí-las:
- manter ambientes ventilados
- afastar-se de pessoas com sintomas
de resfriado ou gripe, principalmente as crianças pequenas!
- lavar as mãos, esta é a principal
recomendação para evitar contágio pelos vírus respiratórios.
Como
a maioria dos casos de doenças de inverno é causada por vírus, não existem medicações
efetivas que os combatam. A exceção é a Gripe A. As medicações indicadas são as
chamadas sintomáticas, para alívio de sintomas tais como a febre e a dor,
higiene nasal, hidratação e repouso. Os antibióticos não devem ser usados, pois
não são efetivos contra os vírus. Quando os sintomas não melhoram em 3 dias ou
se ocorre alguma piora o médico deve ser consultado.
A
exposição excessiva ao frio ou resfriamento brusco do corpo, ou de parte dele,
pode levar a diminuição de mecanismos de defesa locais, seja na garganta, no
nariz ou nos pulmões, e permitir que agentes virais ou bacterianos
multipliquem-se e iniciem um processo de doença. Mas isto não ocorre em todas
as pessoas. Vejam os atletas ou jogadores de futebol. Eles praticam suas
atividades físicas com frio ou sob chuva e nem por isto ficam doentes. Esta
resistência está vinculada a bons hábitos alimentares e prática regular de
atividades físicas com o desenvolvimento gradual de um condicionamento do
organismo à exposição ao frio. Ou seja, quem não está acostumado pode sim ser
mais suscetível a alguma doença respiratória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário